patologia do acaso, diário, 216

2022, Novembro, 12 – Recomeço a conciliar-me com a noite e o seu tempo lento, arbóreo, o seu espaço indeciso, a sua quietude que a ofuscação do sol não permite. Condescendi com o cárcere deste tempo ainda que o esquecimento o não tenha tocado e permaneça com a forma arbitrária de uma ferida ardente que me sitia. A noite torna, aos poucos, a não ter limites, mas as tempestades não voltaram, com a sua veemência e desespero. De alguma forma, a noite apresenta-se domesticada e destituída do seu vórtice cíclico e violento. É uma fuga consentida e não conquistada. Para ascender à conquista da noite é preciso uma solidão absoluta no seu sentido metafísico e prático, onde a escrita e esse absoluto se constituem enquanto elementos.

Deixe um comentário