diário, 248

2023, Janeiro, 31 – Uma sorte de luminosidade que permite a vida das sombras anuncia já a Primavera, apesar do frio, esse último resquício do Inverno. O mundo altera-se, a solidão da luz, agora, não se delonga em céus violáceos nem em cinzas. A coincidência do sol com as coisas gera a matriz do esplendor natural do tempo que não se esvai perante a realidade. A luz trespassa as parras frágeis da videira, reflecte-se nas ervas altas e húmidas do gelo da madrugada. A regeneração do mundo ressuscita a nomeação das coisas fora da pele cortada pelo frio. Longo é o mundo nos seus contrários hemisférios; uma andança da luz e da sombra no ciclo da vida e da morte. Longo é o mundo, numa sorte de luminosidade.

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